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OPINIÃO: Fascistas e comunistas


O Brasil está passando por um período marcado por posições passionais que conflagram o momento político, transformando adversários em inimigos, desfazendo amizades e dividindo familiares. Cada qual tem sua preferência política e se aferra a ela de tal forma que fica cego diante de todas as incongruências que possam existir, e relativiza as acusações (sejam elas quais forem) feitas aos que compõem o espectro político apoiado. Em contraposição, todos os defeitos apontados aos adversários têm credibilidade e são vistos com lentes de aumento. É um quadro de idolatria que faz com que a racionalidade fique sob um véu que esconde a realidade e, ao mesmo tempo, a deturpa fazendo com que cada um veja e ouça somente o que lhe é interessante, não importando se verdadeiro ou falso.

Esta divisão maléfica, porque nos leva à dificuldade de convivência civilizada, começou com os "coxinhas" e "mortadelas" e, aos poucos, foi evoluindo, se alastrando, rotulando pessoas tão somente por suas opiniões ou opção política, até chegar ao extremo (ou será que poderá extremar ainda mais?) de a divisão ser grotescamente entre comunistas e fascistas. Ora, nem os taxados de fascistas, nem os chamados comunistas, claro que com exceções, são merecedores da adjetivação. Aliás, comunismo e fascismo, no contexto brasileiro, perderam a conotação de suas definições originais. Da maneira como as coisas estão, não passam de adjetivos pejorativos impostos de uma parte à outra. E isso é ruim, péssimo. Isso porque, na medida em que os adjetivos são usados fora do que realmente representam, corre-se o risco de ingênuos começarem a defender ideias de fascistas ou comunistas uma vez que são levianamente acusados.

O Brasil não tem 51 milhões de fascistas nem 45 milhões de comunistas. Certo que temos fascistas e comunistas, mas não em números expressivos. A divisão eleitoral do Brasil se deu muito mais em razão do demérito atribuído aos candidatos do que pelos méritos de cada um. Ou seja, os 51 milhões de votos dados a Bolsonaro não foram todos para ele, a maioria foi contra a outra opção. Da mesma forma, é engano pensar que os 45 milhões de voto em Haddad foram por apoio a ele (ou Lula) especificamente, um número imensurável foi para rechaçar a outra opção. Às vésperas da posse do eleito já é tempo de reduzir o fogo da fervura. A esperança é que o eleito governe para todos, respeite os divergentes e seja um agente de pacificação nacional. À oposição resta fazer oposição, que não significa insurreição. Caberá à oposição apontar erros do governo, resistir contra decisões com as quais não concorda, dentro das regras do jogo democrático.

A manutenção de um clima de campanha eleitoral permanente, onde impere a provocação, o desrespeito a quem pensa diferente não interessa para a grande maioria do povo. O radicalismo serve tão somente para os que querem, cavalgando o ódio, oprimir ou mesmo suprimir quaisquer divergências.

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